A
VIABILIDADE DOS TEMAS TRANSVERSAIS DA
EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA
Introdução
A educação brasileira, a partir do
ano de 1996, vem sendo considerada novas
regulamentações legais. O Ministério da Educação e Desportos elaborou os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que, vinculados à Nova LDB – 9.394 e
servir como referência nacional, seja para a prática educacional, seja para as
ações políticas no âmbito da educação.
Os conteúdos a serem
ensinados estão dispostos em dois grupos. Primeiramente, o das áreas
de conhecimento, que são: Língua Portuguesa, História, Geografia,
Matemática, Ciências Naturais, Arte, Educação Física e Língua
Estrangeira. Compondo o segundo grupo estão os conteúdos organizados em “temas
transversais”: ética, educação ambiental, orientação sexual,
pluralidade cultural, saúde, trabalho, consumo e cidadania. Os “temas transversais” dizem
respeito a conteúdos de caráter social, que devem ser incluídos nos currículos
do ensino de forma “transversal”, ou seja: não como uma área de conhecimento
específica, mas como conteúdo a ser ministrado no interior das várias áreas
estabelecidas.
A educação ambiental ganhou
notoriedade com a promulgação da Lei 9.795, de 27 de abril de 1999, que
instituiu uma Política Nacional de Educação Ambiental e, por meio dela, foi
estabelecida a obrigatoriedade da Educação Ambiental em todos os níveis do
ensino formal da educação brasileira. A lei 9.765/99 precisa ser mencionada
como um marco importante da história da educação ambiental no Brasil, porque
ela resultou de um longo processo de interlocução entre ambientalistas,
educadores e governos (BRASIL, 1999).
Segundo MATTOS (2011), em linhas
gerais, a Educação Ambiental se caracteriza por incorporar a dimensão
socioeconômica, política, cultural e histórica, não podendo se basear em
posturas de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio de
cada lugar, sob uma perspectiva histórica. A Educação Ambiental não se trata de
um tipo especial de educação, mas, de um processo contínuo e longo de
aprendizagem, de uma filosofia de trabalho, de um estado de espírito em que
todos: família, escola e sociedade, devem
estar envolvidas.
Objetivo da Educação Ambiental não
entra em conflito com os objetivos do sistema escolar, pelo contrário, ambos se
direcionam para a formação integral do indivíduo, enquanto cidadão inserido na
sociedade e no meio ambiente. A educação ambiental está inserida no âmbito
escolar e social do individuo, por isso, torna-se necessário uma educação mais
ampla com base nos problemas ambientais globais, mas voltada para o pensamento “inloco” na vivência e experiência das
pessoas (MATTOS, 2011).
Esse trabalho visa apresentar a
viabilidade de ter a Educação Ambiental nos ambientes escolares, em especial, a
análise em torno da viabilidade dos “termas transversais”, considerando o nível
de preparação dos professores e alunos para desenvolverem os termas.
A escola é um espaço privilegiado
para estabelecer conexões e informações, como uma das possibilidades para criar
condições e alternativas que estimulem os alunos a terem concepções e posturas
cidadãs, cientes de suas responsabilidades e, principalmente, perceberem-se
como integrantes do meio ambiente (LIMA, 2004).
Apresentação
Comentada das Experiências
Considerando a importância da
temática ambiental e a visão integrada do mundo, no tempo e no espaço, a escola
deverá oferecer meios efetivos para que cada aluno compreenda os fenômenos
naturais, as ações humanas e sua consequência para consigo, para sua própria
espécie, para os outros seres vivos e o ambiente. É fundamental que cada aluno
desenvolva as suas potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos
sociais construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade
socialmente justa, em um ambiente saudável.
Na visão de Chalita (2002, p. 34), a
educação constitui-se na mais poderosa de todas as ferramentas de intervenção
no mundo para a construção de novos conceitos e consequente mudança de hábitos.
É também o instrumento de construção do conhecimento e a forma com que todo o
desenvolvimento intelectual conquistado é passado de uma geração a outra,
permitindo, assim, a máxima comprovada de cada geração que avança um passo em
relação à anterior no campo do conhecimento científico e geral.
A Educação Ambiental tem assumido nos
últimos anos o grande desafio de garantir a construção de uma sociedade
sustentável, em que se promovam, na relação com o planeta e seus recursos,
valores éticos como cooperação, solidariedade, generosidade, tolerância, dignidade
e respeito à diversidade (CARVALHO, 2006).
Coleta Seletiva de Lixo – os
alunos conhecem e entendem a seleção e assim um maior cuidado passa a ser
dispensado ao lixo. A coleta seletiva e a reciclagem de resíduos são soluções
desejáveis, por permitirem a redução do volume de lixo para disposição final.
O fundamento da coleta seletiva é a
separação, pela população, dos materiais recicláveis (papéis, vidros, plásticos
e metais) do restante do lixo. A implantação da coleta seletiva pode começar
com uma experiência-piloto, que vai sendo ampliada aos poucos. O primeiro passo
é a realização de uma campanha informativa junto à população, convencendo-a da
importância da reciclagem e orientando-a para que separe o lixo em recipientes
para cada tipo de material. A pintura ou padronização das latas de lixo para a coleta
correta também pode se dar de maneira lúdica, o que traz uma maior
probabilidade de engajamento dos alunos nas atividades (MORIN, 2011).
Oficina de reciclagem – é uma
atividade que possui um custo inicial, mas, eleva o processo de aprendizado e
consciência do aluno para tratar o que é considerado lixo ou descartável. Essa
atividade pode envolver artesanato de jornais, revistas, pintura em vidro,
modelagem de quadros.
Olho vivo – monitoramento ambiental na
escola - trata-se da formação de um grupo de professores e alunos voluntários
que atua por meio da pesquisa participante enfocando a observação, pesquisa, conservação
dos ambientes escolares, através do exercício da cidadania na melhoria da qualidade
ambiental, sobretudo ao nível local. “Ao final propondo métodos pedagógicos revolucionários,
em direção à construção do cidadão mais consciente e um ambiente mais limpo e
saudável”.
Escola na Comunidade - tem o
objetivo de integrar escola e comunidade, permitindo um intercâmbio do saber entre
os moradores da comunidade visitada, professores, alunos e pais. Os trabalhos/projetos
visam, portanto, subsídios que possibilitem melhorar a qualidade da educação,
praticar a educação ambiental e aprofundar o conhecimento do modo das comunidades,
nas quais estão inseridos os alunos da escola.
Sensibilização e Noite Cultural
- a sensibilização é feita através da apresentação de dados que apontam os
problemas socioambientais globais e a urgência de que uma nova postura seja
adotada pela humanidade ao interagir
com o ambiente e com os recursos
naturais. Por sua vez a noite cultural é um evento artístico/cultural que
acontece em todos os encontros. Na Noite Cultural, além da apresentação dos trabalhos
dos alunos e dos números culturais da comunidade, cada grupo de professores
prepara uma apresentação (dança, poesia, paródia, música, dramatização, teatro
de fantoches) para a comunidade local. É um momento de grande importância para
a Educação Ambiental, já que viabiliza a divulgação e seus objetivos, incentivando
a participação da comunidade nas atividades da escola. O resgate e a
valorização da cultura local, assim como a oportunidade de expressar o talento
artístico refletem-se de maneira positiva na autoestima dos professores, alunos
e comunitários.
A Educação Ambiental é conteúdo e
aprendizado, é motivo e motivação, é parâmetro e norma. Vai além dos conteúdos
pedagógicos, interage com o ser humano de forma que a troca seja uma retroalimentação
positiva para ambos. Educadores ambientais são pessoas apaixonadas pelo que fazem.
E, para que o respeito seja o primeiro sentimento motivador das ações, é
preciso que a escola mude suas regras para se fazer educação ambiental de uma
forma mais humana (CARVALHO, 2006).
O conhecimento tem mais valor quando
construído coletivamente porque repartimos o que sabemos e aprendemos com o que
os outros repartem conosco. É com esta construção coletiva que o ensino deve se
preocupar mais (YUS, 2002).
Conclusão
Dentro da escola é preciso que haja
maneiras efetivas para que cada aluno possa compreender os fenômenos naturais,
as ações humanas e sua consequência para sua própria espécie, para os outros
seres vivos e o ambiente. É basilar que cada aluno desenvolva as suas
potencialidades e adote posturas pessoais e comportamentos sociais
construtivos, colaborando para a construção de uma sociedade socialmente justa,
em um ambiente saudável (MATTOS, 2011).
A escola deve então sensibilizar o
aluno na busca de valores que o levem a uma convivência harmoniosa com o
ambiente, auxiliando-o na análise critica dos princípios que tem levado à
destruição inconsequente dos recursos naturais e de várias espécies. Tendo a
clareza que a natureza não é fonte inesgotável de recursos, suas reservas são
finitas e devem ser utilizadas de maneira racional, evitando o desperdício e
considerando a reciclagem como processo vital. Que as demais espécies que
existem no planeta merecem nosso respeito. Além disso, a manutenção da
biodiversidade é fundamental para a nossa sobrevivência.
Finalizando, pode-se dizer que a
viabilização dos “temas transversais” é um processo difícil, longo, porém
viável, que requer uma construção em coletividade. Os resultados de sua
aplicação podem ser bastante promissores, por se tratarem de temas que, ao
serem desenvolvidos junto aos alunos, podem levar os professores a “se
trabalharem”, ou seja, a se aprimorarem como cidadãos. Em especial
os temas de pluralidade cultural, orientação sexual e educação
ambiente, dentre outros, são muito úteis para ajudar professores e alunos
a entenderem o processo de construção histórico-social dos valores da
sociedade, sejam eles culturais, morais e religiosos, entre outros, para
poderem participar do processo de transformação social.
Referências
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